O 3ª colocado do TOP15 dos melhores livros de julho, Memórias Póstumas de Brás Cubas é um romance escrito por Machado de Assis,
desenvolvido em princípio como folhetim, de março a dezembro de 1880,
na Revista Brasileira, para, no ano seguinte, ser publicado como livro,
pela então Tipografia Nacional.
O livro marca um tom cáustico e novo estilo na obra de Machado de Assis,
bem como audácia e inovação temática no cenário literário nacional, que
o fez receber, à época, resenhas estranhadas. Confessando adotar a
"forma livre" de Laurence Sterne em seu Tristram Shandy (1759-67), ou de
Xavier de Maistre, o autor, com Memórias Póstumas, rompe com a narração
linear e objetivista de autores proeminentes da época como Flaubert e
Zola para retratar o Rio de Janeiro e sua época em geral com pessimismo,
ironia e indiferença — um dos fatores que fizeram com que fosse
amplamente considerada a obra que iniciou o Realismo no Brasil.
Sinopse:
Ao criar um narrador que resolve contar sua vida depois de morto,
Machado de Assis muda radicalmente o panorama da literatura brasileira,
além de expor de forma irônica os privilégios da elite da época.
A infância de Brás Cubas, como a de todo membro da sociedade patriarcal
brasileira da época, é marcada por privilégios e caprichos patrocinados
pelos pais. O garoto tinha como “brinquedo” de estimação o negrinho
Prudêncio, que lhe servia de montaria e para maus-tratos em geral. Na
escola, Brás era amigo de traquinagem de Quincas Borbas, que aparecerá
no futuro defendendo o humanitismo, misto da teoria darwinista com o
borbismo: “Aos vencedores, as batatas”, ou seja: só os mais fortes e
aptos devem sobreviver.
Na juventude do protagonista, as benesses ficam por conta dos gastos com
uma cortesã, ou prostituta de luxo, chamada Marcela, a quem Brás dedica
a célebre frase: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de
réis”. Essa é uma das marcas do estilo machadiano, a maneira como o
autor trabalha as figuras de linguagem. Marcela é prostituta de luxo,
mas na obra não há, em nenhum momento, a caracterização nesses termos.
Machado utiliza a ironia e o eufemismo para que o leitor capte o
significado. Brás Cubas não diz, por exemplo, que Marcela só estava
interessada nos caros presentes que ele lhe dava. Ao contrário, afirma
categoricamente que ela o amou, mas fica claro que, naquela relação,
amor e interesse financeiro estão intimamente ligados.
Apaixonado por Marcela, Brás Cubas gasta enormes recursos da família com
festas, presentes e toda sorte de frivolidades. Seu pai, para dar um
basta à situação, toma a resolução mais comum para as classes ricas da
época: manda o filho para a Europa estudar leis e garantir o título de
bacharel em Coimbra.
Brás Cubas, no entanto, segue contrariado para a universidade. Marcela
não vai, como combinara, despedir-se dele, e a viagem começa triste e
lúgubre.
Em Coimbra, a vida não se altera muito. Com o diploma nas mãos e total
inaptidão para o trabalho, Brás Cubas retorna ao Brasil e segue sua
existência parasitária, gozando dos privilégios dos bem-nascidos do
país.
Em certo momento da narrativa, Brás Cubas tem seu segundo e mais
duradouro amor. Enamora-se de Virgília, parente de um ministro da corte,
aconselhado pelo pai, que via no casamento com ela um futuro político.
No entanto, ela acaba se casando com Lobo Neves, que arrebata do
protagonista não apenas a noiva como também a candidatura a deputado que
o pai preparava.
A família dos Cubas, apesar de rica, não tinha tradição, pois construíra
a fortuna com a fabricação de cubas, tachos, à maneira burguesa. Isso
não era louvável no mundo das aparências sociais. Assim, a entrada na
política era vista como maneira de ascensão social, uma espécie de
título de nobreza que ainda faltava a eles.
Autor:
Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839 na
cidade do Rio de Janeiro. Neto de escravos alforriados, foi criado em
uma família pobre e não pode frequentar regularmente a escola. Porém,
devido a seu enorme interesse por literatura, conseguiu se instruir por
conta própria. Entre os seis e os quatorze anos, Machado de Assis perdeu
sua irmã, a mãe e o pai.
Aos 16 anos, Machado conseguiu um emprego como aprendiz em uma
tipografia, vindo a publicar seus primeiros versos no jornal “A
Marmota”. Em 1860 passou a colaborar para o “Diário do Rio de Janeiro” e
é dessa década que datam quase todas suas comédias teatrais e
Crisálidas, um livro de poemas.
Em 1869 Machado de Assis casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais
sem o consentimento da família da moça, devido à má fama que Machado
carregava. Porém, este casamento mudou sua vida, uma vez que Carolina
lhe apresentou à literatura portuguesa e inglesa. Mais amadurecido
literariamente, Machado publica na década de 1870 uma série de romances,
tais como A mão e a luva (1874) e Helena (1876), vindo a obter
reconhecimento do público e da crítica. Ainda na década de 1870, Machado
iniciou sua carreira burocrática e em 1892 já ocupava o cargo de
diretor geral do Ministério da Aviação. Através de sua carreira no
serviço público, Machado de Assis conseguiu sua estabilidade financeira.
A obra literária de Machado era marcadamente romântica, mas na década de
1880 ela sofre uma grande mudança estilística e temática, vindo a
inaugurar o Realismo no Brasil com a publicação de Memórias Póstumas de
Brás Cubas (1881). A partir de então a ironia, o pessimismo, o espírito
crítico e uma profunda reflexão sobre a sociedade brasileira se tornarão
as principais características de suas obras. Em 1897, Machado funda a
Academia Brasileira de Letras, sendo seu primeiro presidente e ocupando a
Cadeira Nº 23.
Em 1904, Machado perde a esposa após um casamento de 35 anos. A morte de
Carolina abalou profundamente o escritor, que passou a ficar isolado em
casa e sua saúde foi piorando. Dessa época datam seus últimos romances:
Esaú (1904) e Jacó Memorial de Aires (1908). Machado morreu em sua casa
no Rio de Janeiro no dia 29 de setembro de 1908. Seu enterro foi
acompanhado por uma multidão e foi decretado luto oficial no Rio de
Janeiro.
Seus principais romances são: "Ressurreição" (1872), "A mão e a luva"
(1874), "Helena" (1876), "Iaiá Garcia" (1878), "Memórias Póstumas de
Brás Cubas" (1881), "Quincas Borba" (1891), "Dom Casmurro" (1899), "Esaú
e Jacó" (1904) e "Memorial de Aires" (1908). Além dessas obras, Machado
de Assis possui uma extensa bibliografia que abrange poemas, contos e
peças teatrais.
Opinião:
A obra é narrada e protagonizada pelo personagem Brás Cubas, que conta
sua biografia de forma detalhada entre as páginas do livro, conversando
de forma bem-humorada e irônica com o leitor. O enfoque da narrativa se
encontra nas lembranças e reflexões do personagem, revelando uma crítica
à condição humana.
O romance já rendeu três filmes e diversas publicações pelo país, sendo
uma boa leitura para as horas vagas e para quem quer saber um pouco mais
sobre a literatura nacional.
E claro nota máxima para este marcante livro, do grande Machado de Assis.
Nota:
10
Onde encontro?
Baixaki: <http://www.baixaki.com.br/download/memorias-postumas-de-bras-cubas.htm>
Até a proxima, e não deixem de comentar.
Boa leitura.
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